Every generation translates to itself. It’s up to
us to embrace history or break it apart, blow it up even! T.S. Eliot
CELEBRAÇÃO é uma festa de dança e
performance, desenhada por artistas que residem, circulam, se encontram e trabalham
em Lisboa.
CELEBRAÇÃO propõe, durante 4 dias,
espetáculos, conversas e uma festa que ocupa a Culturgest, e cria uma janela
experimental para modos de pensar e agir, agora e em conjunto.
CELEBRAÇÃO é um programa produzido por
artistas que se interessam em criar espaços de convergência onde o encontro e a
ação criem princípios de comunidade e relações artísticas mais próximas e
profundas.
CELEBRAÇÃO não é uma cartografia da
Dança e Performance que se faz em Lisboa, nem um retrato de geração ou de um
grupo de artistas enquanto jovens. CELEBRAÇÃO é antes, um convite a
olhar um recorte da diferença e multiplicidade de quem insiste em trabalhar
aqui e agora e em tentar juntos uma ideia.
CELEBRAÇÃO é aqui este tempo e é agora
este espaço que apresenta vários mundos artísticos em diferentes momentos da
sua experimentação, consolidação e existência.
CELEBRAÇÃO é um convite a participar
num encontro múltiplo de presenças.
Um encontro com o outro, um encontro com o público, um encontro marcado com
Lisboa desenhado num movimento onde se cruzam afinidades, se estabelecem
princípios de experimentação conjunta e se cria um presente que questiona as
condições em que existiremos no futuro próximo.
CELEBRAÇÃO é criar de desejos
individuais opções coletivas que abram espaço para projetos de futuro
conjuntos. É associar a força participativa a potências singulares num
exercício incessante de poder afetar e ser afetado.
CELEBRAÇÃO é
festejar o possível. É reunirmo-nos reconhecendo que esta é para já a maior
acção política que podemos fazer. Juntos procuramos fazer viver e conviver a
cena contemporânea de Lisboa com o desejo de nos podermos acompanhar uns aos
outros e estarmos próximos. É uma forma de resistir ao carácter nómada,
fragmentado e difícil de mapear dos nossos percursos e modos de operação.
CELEBRAÇÃO significa
para nós colaborações duradouras, que sejam reflexo não só do impulso natural
do artista para a comunicação e partilha do seu trabalho, mas também da
necessidade que o antecede. Esta necessidade mais primária e fundamental é
orientada pela consciência de que a sobrevivência da criação artística depende
hoje de uma força coletiva e do reconhecimento dos nossos pares para a
afirmação do nosso valor.
CELEBRAÇÃO será
também uma forma de consolidação deste coletivo na criação de contextos para o
desenvolvimento e apresentação do nosso trabalho. Num momento em que a criação
contemporânea portuguesa está indubitavelmente ameaçada e em risco de encontrar
um isolamento profundo, CELEBRAÇÃO procura uma forma de afirmação de
artistas portugueses que não se quer deixar vencer pelo pensamento tecnocrata
ou pelos imperativos económicos. Reclamamos o direito de sermos nós a testar e
a superar a qualidade do nosso trabalho, de querer continuar a arriscar
formatos, a experimentar materiais, renunciando a qualquer tentativa de
conformar a criação artística à lógica somente responsiva da procura/oferta.
Reclamamos perante nós e perante o público a responsabilidade contínua de
regenerar os tecidos culturais, de bater o pé, de marcar presença, de atirar o
corpo, de levantar a voz e dizer If I Can’t Dance, I Don’t Want To Be Part
of Your Revolution! Sejam bem vindos a esta festa!
PROGRAMA
Os convidados da CELEBRAÇÃO trazem 1800 Pregos, 30
tábuas, 38 sarrafos, compressor, pistola de pregos, 2 turquesas, a energia
inesgotável, porém volátil, de rapazes adolescentes, um corpo poroso a ligações
espaciais e físicas internas e externas de potenciais (ir)realidades, um
agradecimento que provoca uma chuva de legumes, a aproximação do belo homem à
bela mulher ao som da Internacional, relações coreográficas mediadas, uma sensação de falha e problema, um
exercício de deslocação ou um teste de sobrevivência a uma ameaça, uma happy hour de rituais antropofágicos, um
forte encontro entre humor e monstruosidade e um monólogo a três vozes dirigido
por uma maestrina.
O programa da celebração
promete um cortejo de semelhanças, diferenças, duos
e singularidades que se evidenciam em jogos de humor e absurdo, deslocamentos
do papel do espectador, escavações às dinâmicas e maquinaria do teatro. Lugares
que instigam o desenvolvimento das linguagens autorais, mas também refletem a
crise generalizada que nos afronta enquanto sociedade neste momento da nossa
História.
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